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POR UMA ORQUESTRA DE DESENVOLVIMENTO REGIDA POR CACHOEIRO
27 de Setembro de 2016 . 14h49
POR UMA ORQUESTRA DE DESENVOLVIMENTO REGIDA POR CACHOEIRO
O vice-presidente institucional da Federação das Indústrias do Espírito Santo em Cachoeiro de Itapemirim e região, Áureo Vianna Mameri, entende que antes de fazer qualquer avaliação do desenvolvimento da cidade é preciso analisar diferentes pontos que são favoráveis ao investimento. O executivo da Findes afirma que o que mais pesa no Sul do Estado para a não instalação de uma indústria de peso é a falta de infraestrutura. “Nós ficamos anos e anos sem investimento em infraestrutura no Sul do Estado. Cachoeiro teve um passado glorioso com as rochas ornamentais e jazidas. Só que as coisas mudam. Muitas empresas foram para o Norte e isso atrapalhou muito Cachoeiro a crescer. A economia mudou e o bonde da História passou”, disse defendendo uma discussão ampla e aberta sobre os rumos do Espírito Santo sob a batuta do novo prefeito de Cachoeiro que obrigatoriamente deve ser um líder.
Mameri explicou que cada investidor antes de abrir uma empresa vai mandar um técnico analisar primeiro a infraestrutura de Cachoeiro. “Temos estradas para chegar até aí? Não! Temos uma ferrovia? Não! Temos um porto? Não! Tem energia? Não! E se você não tem estes pontos, como você imagina que alguém monte uma estrutura aqui? Não há motivo. É inviável”, disse Áureo Vianna.
Vianna lembra que Cachoeiro sofre ainda pela falta de aeroporto. “O único aeroporto regional bom que temos no Espírito Santo é o de Linhares. Por isso, muitas empresas vão para o Norte, preterindo o Sul”, disse, lamentando estes pontos, que a seu ver podiam ser melhorados. O caso do aeroporto, por exemplo, no entender de Mameri, é essencial para atrair executivos à cidade. “O aeroporto que temos na cidade é extremamente limitado, mas poderia ter condições mínimas para atrair executivos à região”, disse.
O executivo da Findes é mais um que diz que caso os projetos futuros como os portos, a ferrovia e o aeroporto sejam realizados, a configuração da cidade pode mudar e Cachoeiro, como todo Sul do Estado, tomar outro rumo.
Áureo destaca que diante disso não há como atrair empresas, no caso, indústrias para a cidade. “E sem indústria não há renda. Sem renda não há comércio. Sem comércio não há emprego”, disse, reforçando que uma coisa está ligada à outra. “Não há receita, renda, e o PIB per capita de Cachoeiro é muito baixo”, disse.
Áureo Mameri reconhece que não é muito fácil envolver a sociedade de Cachoeiro em algum movimento. “Existe muita dificuldade na cidade de juntar o que nós chamamos na linguagem moderna de capital social”, disse, lembrando do processo de união que foi feito com o SindiRochas, que aglutinou diferentes segmentos, como o financeiro, por meio do CrediRochas, na mesma atividade.
“Quebramos um paradigma com a criação do CrediRochas. Quem imaginaria que um grupo liderado por empresários associados, que antes se digladiavam no mercado, pode agora cuidar do dinheiro do outro? Quebramos um grande paradigma”, disse, lembrando que a cooperativa está se expandindo para outros locais. “O CrediRochas é um exemplo de capital social”, disse.
Para alavancar de vez o setor de rochas no Sul, que ainda perde empresas para o Norte, precisa-se rever a ambiência da região para atrair investidores. “E isso não se faz só com o Poder Público. É preciso reunir toda a sociedade. Entidades e governos. É preciso discutir o Sul do Estado”, sentenciou Mameri. “E não adianta dizer que as empresas foram para o Norte por causa da Sudene. Não foi isso não. Lá a ambiência é melhor. Se no Sul existisse algo parecido com a Sudene, ainda estaríamos sem atrair empresas”, completou.
Todos estes quesitos passam, segundo o diretor da Findes, pela gestão dos prefeitos. O município pelo modelo sugerido por Mameri tem muita importância na gestão de qualquer projeto econômico. “O prefeito de Cachoeiro teria que ser uma pessoa com uma liderança política muito forte. Este modelo de gestão do município de Cachoeiro está todo errado. Teria que haver uma discussão ampla com as classes produtoras. Falta diálogo com as entidades representativas. O prefeito de Cachoeiro tem que discutir o futuro do Sul do Estado e não da cidade, já que somos uma cidade polo”, disse Mameri.
O empresário foi mais um a lembrar que Cachoeiro tem o ônus, mas não o bônus. Em cidades mais ricas, com receita maior que a Capital Secreta,não há assistência médica e entidades de ensino que comportem o desenvolvimento regional. A proposta de Mameri é que seja aberto o diálogo com toda a região para evitar que cidades com muitos recursos fiquem com os cofres abarrotados enquanto municípios-polo como a Capital Secreta tenham que se manter com baixas receitas.
“Sabe por que existem vários candidatos a prefeito de Cachoeiro? Porque não há um ao qual se faça referência. Se não há ninguém que tenha um projeto sustentável e de liderança, todos se habilitam a ser prefeito de Cachoeiro. Esta é a razão. Por aí você vê como a situação da cidade é dramática!”, disse.

Fonte: Jornal Aqui Notícias